sábado, 19 de fevereiro de 2011

O início de tudo...

Para saber como surgiu toda essa história de brigadeiro, tenho que "começar do princípio"...
Passei a minha infância vendo minha mãe fazendo doces de tudo quanto era tipo. Dona Ruth era uma doceira de mão cheia, na verdade, era uma cozinheira de mão cheia, porque fazia maravilhas com o que tinha, que muitas vezes era muito pouco.
Nossa, são inúmeras as gostosuras que Dona Ruth fazia...
Só tenho uma única frustação gastronômica com minha mãe: Ela nunca fez torta de morango para o meu aniversário! Não existem morangos em março! Quer dizer, não existiam, porque hoje em dia, todas as frutas dão o ano inteiro... mas naquela época a coisa era diferente... Se quisesses a fruta fresca, tinha que ser nos períodos da época, ou recorrer aos enlatados, coisa que Dona Ruth jamais fazia... tudo que ela preparava era com alimentos frescos, muitas vezes, colhidos no próprio quintal de casa... (quantas pessoas ainda tem um quintal em casa? e quantos plantam algo neste quintal?)
Bom, nosso quintal é uma conversa a parte... Em pleno bairro movimentado da cidade (só para deixar claro que não morávamos no interior de Itajaí), no nosso quintal tinha pé de goiaba, carambola, ameixa, laranja, limão... tinha também romã e ainda um pé de João Bolão que foi plantado no meio de uma roseira e nunca cresceu achando que era rosa... é sério! sei que pé de João Bolão leva anos para crescer, mas eu morei lá 27 anos e esta árvore já tinha no mínimo uns 8, 10 anos (isso, porque não tô querendo exagerar, viu, Fabinho?!?), e nunca cresceu... Diz o dito popular, que as árvores crescem conforme o ambiente, e este João Bolão ou achou que era rosa, ou não quis crescer para não se "sobrepôr" às rosas... mas isso já é coisa para a psicologia ambiental, coisa que eu não entendo....
Mas, continuando... os doces sempre fizeram parte da minha infância, ou vendo minha mãe fazendo, ou comendo as delícias (porque muitas vezes ela fazia para vender) ou então, defendendo os doces das "garras das meninas da Carolina".
Morávamos na rua Carolina Vailati, éramos um grupo de amigas e muitas vezes nos encontrávamos lá em casa... mas as gurias eram tão danadas, que brincavam de "esconde-esconde" comigo, e quando fosse minha vez de procurar, elas corriam para dentro de casa e avançavam nas latas de doces... pode uma coisa dessas?!?

Infelizmente, minha mãe faleceu quando eu completaria 13 anos... e início de adolescência é complicado, porque é nessa época que construímos nosso jeito de ser, de pensar, de agir... nossas escolhas e nossos gostos também são muito definidos nessa época (embora, grande parte dos adultos, já não faz mais o que gostava de fazer na adolescência... mas, essa é uma outra conversa...)
Bom, fiquei sem rumo! Mas como adolescente é um ser em plena transição, fui levando minha vida, em casa com meu pai, sofrendo muito, mas também de cabeça erguida...
Sobrou a cozinha pra mim!!! Por pouco tempo, é verdade, mas sobrou!
Comecei a me aventurar na cozinha... tadinho do meu pai, que servia de cobaia nos meus experimentos científicos... uma vez fiz frango assado (frango inteiro) e ficou uma delícia!!! Mas, depois me perguntaram se eu tinha limpado as "partes" do frango e fiquei sem saber o que responder, na verdade, morri de vergonha, pois meu pai se deliciou com um frango altamente " adubado".
Mas o que eu gostava mesmo de fazer eram doces... Nossa, catava receitas e receitas e fazia meus experimentos...
Minha relação com os brigadeiros e docinhos de festa, começaram por "culpa" da Luana, minha sobrinha. Em suas festinhas de aniversário, fazíamos toda a decoração da festa e todos os comes... não era como hoje, que se compra tudo pronto, aliás, festa de criança nem mais é feita em casa, já existem casas especializadas, onde a criançada toda se diverte, e você não tem que limpar a casa bagunçada depois.
Mas, no nosso tempo era diferente... Pássavamos madrugadas preparando tudo... estávamos "podres" de cansadas no dia da festa, mas mesmo assim, sempre valeu a pena!
Fui crescendo e a Luana também... E as festinhas de aniver foram diminuindo... Ainda fizemos algumas festinhas para a Paulinha também, minha outra sobrinha.
Mas, eu fui me afastando dos brigadeiros... Bom, nem tanto, várias vezes eu e Luana fazíamos brigadeiro e comíamos na panela mesmo só para matar a vontade... a Luana também prepara brigadeiros deliciosos, uma jóia!!!
Me separei tanto do brigadeiro, que na festinha da Julia em 2009, a Moni, minha irmã, pediu para que eu fizesse os doces, e eu não me lembrava como se fazia.... mas com ajuda da Aike, conseguímos resgatar o sabor deste doce tão delicioso...
A partir daí, comecei a resgatar a paixão por fazer doces... muito timidamente, é verdade. E voltei a fazer os brigadeiros de panela....
Então, as gurias do Clube de Corridas, resolveram fazer uma festa de final de ano com amigo secreto e eu decidi que levaria os docinhos de festa, os brigadeiros....
E amei fazê-los!!!
E comecei a pesquisar sobre brigadeiros e descobri que eles agora são gourmets, são finos.... Não são mais doces exclusivos de festa de crianças, agora eles estão presentes também em casamentos, formaturas, eventos... o centro das atenções dos doces!
E adorei essa idéia de renovar o brigadeiro... posso fazer inúmeras experiências com este doce... e isto para mim é a glória... poder inventar, experimentar, me deliciar!!!
...Mas fiquem tranquilos, não farei nenhum brigadeiro "adubado"!!!
beijão